quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

LIVRO: AQUÉM DO ALÉM - O ÚLTIMO NATAL

FIQUEI SURPRESO COM O DISCURSO DE NATAL DO PAPA FRANCISCO, ESSE LÍDER TÃO CARISMÁTICO DE MAIS DE UM BILHÃO DE FIÉIS. TODA MENSAGEM PAPAL, MESMO RESSALTANDO AS TRISTEZAS DO ANO QUE PASSOU, SEMPRE TEVE UM TOM DE OTIMISMO, ESPERANDO QUE A GRAÇA DIVINA ATINJA ÀS MENTES HUMANAS, LEVANDO A BONDADE AOS CORAÇÕES.
APESAR DA UTÓPICA ESPERANÇA DE TODA HOMÍLIA RELIGIOSA, O OTIMISMO SEMPRE FOI A PRIORIDADE. DESSA VEZ, A PREDOMINÂNCIA FOI O MAL GERAL DO PLANETA, EM TODOS OS SEUS ASPECTOS:
ECOLÓGICO, CRIMINOSO, CORRUPTO, TERRORISTA E TODOS OS DEMAIS MALES TÃO INERENTES À INVENTIVIDADE DO ANIMAL HOMEM. ESTE ANO DE 2015 FOI, ESPECIFICAMENTE, MUITO EXAGERADO EM CATÁSTROFES. AS FUGAS E MORTES PELO MAR MEDITERRÂNEO; AS GUERRAS EM TANTOS LOCAIS DA ÁFRICA E DO ORIENTE MÉDIO; O AVANÇO DE TROPAS DE GUERRA INVADINDO PAÍSES, DEVASTANDO E DOMINANDO; A INEFICIÊNCIA DA O.N.U; A PASSIVIDADE DAS GRANDES NAÇÕES, QUE RIVAIS, ENTRE SI, POUCO FAZEM PARA O CAOS DESAPARECER. ISSO, SEM COMENTAR, AINDA, A PÉSSIMA SITUAÇÃO DO BRASIL, A QUAL, UM PAPA JAMAIS SE REFERIRIA.
MAS, O QUE ME LEVA A ARGUMENTAR É QUE, NUMA NOITE DE NATAL, QUE
REPRESENTA, PARA OS CRISTÃOS, UM SÍMBOLO DE RENASCIMENTO DA PAZ E
DA BOA VONTADE, MESMO QUE TEÓRICA, O DISCURSO DE SUA SANTIDADE
TENHA SIDO TÃO PESSIMISTA AO DECLARAR QUE, TALVEZ, ESTE PODE TER SIDO O ÚLTIMO NATAL.
SERÁ QUE, COMO AUTORIDADE RELIGIOSA E CHEFE DE ESTADO ELE ESTEJA SABENDO FATOS QUE NÓS, COMUNS, NÃO IMAGINAMOS? OU PROFETIZANDO AS CONSEQUÊNCIAS DA DESORDEM GENERALIZADA QUE VEM ACONTECENDO? HAVERÁ UM PERIGO NUCLEAR SE DESENVOLVENDO, ANTE A LOUCURA DE CERTOS DITADORES OU A IMINÊNCIA DA AMEAÇA ISLÂMICA CUJO INTUITO É ACABAR COM A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL? PODERÁ DERIVAR SÉRIOS CONFLITOS O ENORME AUMENTO DA MISÉRIA E A DISCREPÂNCIA ENTRE PESSOAS QUE MORREM DE FOME E OUTRAS DE OBESIDADE, OU SEJA, A TÃO ANTIGA INJUSTIÇA SOCIAL, AONDE POUCOS TEM TUDO E MUITOS NÃO TÊM NADA?
NA VERDADE, PARA A MAIORIA DA POPULAÇÃO, O NATAL, COMO CELEBRAÇÃO DO NASCIMENTO DE CRISTO, JÁ TERMINOU, FAZ MUITO TEMPO. HÁ DÉCADAS QUE SIGNIFICA A COMPRA DE PRESENTES E A REALIZAÇÃO DE FARTAS CEIAS, NUMA ODE AO CONSUMO CAPITALISTA.
NA DÉCADA DE 50, DO SÉCULO PASSADO, O TEMA DE PREGAÇÃO NATALINA DE UM ARCEBISPO FRANCÊS, ALERTANDO O COMÉRCIO EM QUE SE TRANSFORMOU A DATA, DEU ENSEJO AO ESCRITOR CLAUDE LÉVI-STRAUSS ESCREVER O LIVRO O SUPLÍCIO DE PAPAI NOEL, NO QUAL A FIGURA DO BONDOSO VELHINHO VESTIDO DE VERMELHO, TINHA VENCIDO A REPRESENTAÇÃO ESPIRITUAL DO MENINO JESUS.
A MIM, DÁ O ENSEJO DE LAMENTAR A CRIAÇÃO DESSA FALSA FIGURA QUE ENGANA AS CRIANÇAS E AUMENTA A FRUSTRAÇÃO DAS QUE SÃO POBRES.
ME CAUSA VERDADEIRA DOR LEMBRAR UMA IMAGEM DE DOIS MENINOS DE RUA, OLHANDO, FASCINADOS, UMA VITRINE DE NATAL CHEIA DE BRINQUEDOS.
IMAGINO QUE ELES DEVESSEM PENSAR PORQUE, A ELES, O PAPAI NOEL NÃO VEM.
PARA AS IGREJAS CRISTÃS, MESMO QUE MAIS MODERADAMENTE (NEM A MISSA DO GALO RESISTIU, À MEIA NOITE) A COMEMORAÇÃO AINDA PARECE CONCEBER UMA PACÍFICA CONFRATERNIZAÇÃO.

SEMPRE FOI MISSÃO PAPAL ALERTAR O MUNDO CONTRA SUAS MAZELAS.
MAS SUPOR QUE ESTE DE 2015 SEJA O ÚLTIMO NATAL É DEIXAR A TODOS NÓS, MESMO NÃO RELIGIOSOS, IGUALMENTE DESANIMADOS, DO QUE POSSA ESTAR PARA ACONTECER
.

sábado, 9 de janeiro de 2016

LIVRO: AQUÉM DO ALÉM - O APEGO FERAL

                                QUE A DOR DESAPAREÇA
E O CORAÇÃO AQUEÇA,
SUPERANDO A SAUDADE,
MAIS, PELA INTENSIDADE,
DO QUE PELA AUSÊNCIA,
O AMOR QUE SE VIVEU.

APESAR DA CARÊNCIA,
A INESQUECÍVEL HISTÓRIA,
DOS MOMENTOS FELIZES,
TORNA-SE A NOSSA VITÓRIA.

E NOS RENOVA SAUDÁVEL,
BANINDO A CONIVÊNCIA
COM O DESESPERO,
ESSE APEGO FERAL
QUE REANIMA O MAL.

SUPERESTIMAR A TRISTEZA,
SUFOCA VIVIDAS BELEZAS.
NÃO DEIXA RECORDAR, EM PAZ,
AQUELA QUE NÃO VEREI MAIS.

                                                            (para mim)



                                                  

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

LIVRO: AQUÉM DO ALÉM - CAMÉLIAS E NAVALHAS



CAMÉLIAS E NAVALHAS – RESENHA
AUTOR: J. NATALE NETTO
EDITORA NOVO SÉCULO
ANO: 2012

UM LIVRO INTERESSANTE, QUE LI AGORA, COM QUATRO ANOS DE ATRASO, MAS, QUE PELO TEMA, NÃO PERDEU SUA IMPORTÂNCIA E ATRAÇÃO.
NARRA A ÉPOCA DE GRANDES TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS DO BRASIL, NO FINAL DO SÉCULO XIX, ENTREMEADA DE HISTÓRIAS DE AMOR E SEXO.

SINOPSE:
TEODORO, JOVEM FILHO DE FAZENDEIRO CAFEEIRO DA ZONA DE VASSOURAS, NO RIO DE JANEIRO, VOLTA À PÁTRIA, DEPOIS DE SETE ANOS DE ESTUDOS DE DIREITO, EM COIMBRA, PORTUGAL.
AO DEPARAR-SE COM ACONTECIMENTOS POLÍTICOS NA CAPITAL BRASILEIRA, AO INVÉS DE DEDICAR-SE À ADVOCACIA, DECIDE ENTRAR NA LUTA A FAVOR DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, TEMA QUE AGITAVA TODO O PAÍS. POR INTERMÉDIO DE AMIGOS, CONHECE O POETA OLAVO BILAC, O ENGENHEIRO ANDRÉ REBOUÇAS E O JORNALISTA JOSÉ DO PATROCÍNIO, UM DOS MAIORES LÍDERES DA CAUSA. É CONVIDADO, POR ESTE, A ENTRAR PARA O SEU JORNAL, COMO COLABORADOR.
O TÉRMINO DO REGIME ESCRAVOCRATA ERA EXIGIDO POR GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO E TAMBÉM PELOS PAÍSES ESTRANGEIROS, VISTO QUE O BRASIL ERA A ÚLTIMA NAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO, A MANTÊ-LO. APROVEITANDO A AUSÊNCIA DO IMPERADOR D. PEDRO II, EM TRATAMENTO DE SAÚDE NA EUROPA, OS ABOLICIONISTAS PRESSIONAVAM A REGENTE, PRINCESA ISABEL, PARA PROMULGAR A LEI, COLOCANDO FIM A MAIS DE TRÊS SÉCULOS DE SERVIDÃO.
A PRINCESA, APESAR DE FAVORÁVEL, TINHA CONTRA O POSICIONAMENTO DOS FAZENDEIROS DO CAFÉ E OS DEMAIS LATIFUNDIÁRIOS, CUJAS TERRAS ERAM CULTIVADAS PELA MÃO DE OBRA GRÁTIS.
SENDO O BRASIL ESSENCIALMENTE AGRÍCOLA NO COMÉRCIO EXTERIOR COM OS OUTROS PAÍSES, POLÍTICOS CONSERVADORES E PROPRIETÁRIOS, NA MAIORIA, ERAM CONTRA O ATO DE LIBERAÇÃO, ACHANDO QUE O PAÍS PODERIA SOFRER QUEDA DE PRODUÇÃO, GERANDO UM DESFALQUE ECONÔMICO. PORÉM, O NÚMERO DE ABOLICIONISTAS AUMENTAVA. NAS RUAS, USAVAM UMA CAMÉLIA BRANCA, COMO SÍMBOLO, IDENTIFICANDO SUA OPINIÃO. OS HOMENS NO PALETÓ E AS MULHERES NOS CHAPÉUS.
PARALELAMENTE, HAVIA, TAMBÉM, O PARTIDO DOS REPUBLICANOS, QUE DESEJAVA O TÉRMINO DA MONARQUIA, EM RAZÃO DE A PRINCESA ISABEL SER MUITO SUBMISSA AO SEU MARIDO, O PRÍNCIPE FRANCÊS, CONDE D’EU, MAL VISTO PELA POPULAÇÃO POR SEU AUTORITARISMO E PELA EXPLORAÇÃO COMERCIAL DE ENORME NÚMERO DE CORTIÇOS, DE SUA PROPRIEDADE, ESPALHADOS PELA CIDADE. OS REPUBLICANOS ERAM CONTRA UM TERCEIRO REINADO PORQUE SABIAM QUE, POR TRÁS DO TRONO, O CONDE SERIA O VERDADEIRO IMPERADOR.
NESSE HORIZONTE POLÍTICO DE MUDANÇAS, O JOVEM TEODORO DECIDIU SER OBRIGATÓRIA SUA PARTICIPAÇÃO.
ASSIM, PASSA A VIVER ENTRE A FAZENDA E A CAPITAL, ESCREVENDO ARTIGOS SOB O PSEUDÔNIMO DE PASSE-PARTOUT.
O VALE DO PARAÍBA, NO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ATÉ ENTÃO, TINHA SIDO O MAIOR CENTRO PRODUTOR DO CAFÉ BRASILEIRO. MAS O SOLO, CANSADO DAS REPETIDAS SAFRAS, JÁ NÃO PRODUZIA TANTO E O “OURO NEGRO” FOI SE ESPALHANDO PARA O OESTE DE SÃO PAULO, AONDE, PELA TERRA MELHOR, AS PLANTAÇÕES CRESCERAM E O ESTADO TORNOU-SE O MAIOR PRODUTOR.
AS FAZENDAS DE VASSOURAS, REZENDE E OUTRAS, DECLINARAM, ALGUMAS MANTENDO-SE COM A PLANTAÇÃO DE AÇÚCAR OU COM A PECUÁRIA. O PAI DE TEODORO, TENDO FICADO VIÚVO, PENSOU EM VENDER SUAS TERRAS E APROVEITAR SUA FORTUNA EM VIAGENS E, TALVEZ, EM UM NOVO CASAMENTO. MAS, SUA FILHA, COM A APROVAÇÃO DO IRMÃO, DESENVOLVEU UM PROJETO DE PRODUÇÃO DE AÇÚCAR, DANDO NOVA UTILIDADE ÀS TERRAS, IMPEDINDO A VENDA.
ANTES DESSES ACONTECIMENTOS FAMILIARES, EM 1888, É PROMULGADA A LEI ÁUREA, TERMINANDO COM O CATIVEIRO DA POPULAÇÃO NEGRA.
O ENORME NÚMERO DE ESCRAVOS, CERCA DE 900 MIL, ESPALHADOS PELO PAÍS, FOGEM PELAS MATAS E PARA AS CIDADES, NA ANSIADA PROCURA PELA LIBERDADE, MAS SEM UM OBJETIVO DE SOBREVIVÊNCIA. A ABOLIÇÃO FOI REALIZADA NUM GRANDE IMPULSO EMOTIVO, FALTANDO UM ESTUDO LOGÍSTICO PARA SUSTENTAR OS LIBERTOS. A MAIORIA ERA ANALFABETA, SEM DOCUMENTOS E SUJEITARAM-SE A QUALQUER FUNÇÃO.
MUITOS INCIDIRAM NA CRIMINALIDADE, COMO FORMA DE VIDA. OUTROS VOLTARAM PARA AS FAZENDAS, RECEBENDO PEQUENO SALÁRIO PELA TAREFA, COMO OBRIGAVA A NOVA LEI. OS QUE TRABALHAVAM PARA A MUNICIPALIDADE DO RIO, AO ABANDONAREM A CIDADE, DEIXANDO DE RECOLHER O LIXO E OUTRAS ATIVIDADES DE SANEAMENTO, TORNARAM A CAPITAL UMA CIDADE SUJA, CHEIA DE INSETOS E BICHOS, O QUE CAUSOU UM SURTO DE VARÍOLA.
NESSE CENÁRIO, A PROPAGANDA REPUBLICANA SE ESPALHOU FOMENTADA, PRINCIPALMENTE PELOS MILITARES. A VOLTA DO IMPERADOR À PÁTRIA, DOENTE E POLITICAMENTE ABANDONADO PELOS LATIFUNDIÁRIOS ESCRAVAGISTAS, CONCORREU PARA A DIFUSÃO DA IDEIA. EMBORA O NÚMERO DE MONARQUISTAS AINDA FOSSE GRANDE, OS REPUBLICANOS INICIARAM MANIFESTAÇÕES ATRAINDO A POPULAÇÃO.
FANATICAMENTE AGRADECIDO À PRINCESA ISABEL, JOSÉ DO PATROCÍNIO INICIA, EM SEU JORNAL, CAMPANHA PELA CONTINUIDADE DE UM TERCEIRO REINADO. PROCLAMA-SE ISABELISTA E FORMA UMA GUARDA NEGRA DE ESCRAVOS CAPOEIRISTAS QUE, MUNIDOS DE NAVALHAS, DESMANTELAVAM TODA REUNIÃO A FAVOR DA REPÚBLICA. ESPALHANDO O TERROR, ESTA GUARDA NEGRA PROVOCA INÚMEROS FERIMENTOS E ASSASSINATOS.
AO PERCEBER A INTRANSIGÊNCIA DE PATROCÍNIO, TEODORO DIMINUI SUA PARTICIPAÇÃO NO JORNAL, QUE, JÁ POR FALTA DE FINANCIAMENTO, VINHA DECLINANDO.
NO ARDOR DE SEUS 20 E POUCOS ANOS, JUNTO À PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, O JOVEM DESENVOLVE DIFERENTES AMORES.                                              
NA FAZENDA, INTERESSAVA-SE, AVIDAMENTE, PELA JOVEM E BELA ESCRAVA, MARGARIDA, COM QUEM ENCONTRAVA-SE TODA NOITE.
APAIXONADA POR ELE, AO PERCEBER-SE GRÁVIDA, ELA O ABANDONA, FUGINDO COM O IRMÃO, POR COMPREENDER A IMPOSSIBILIDADE DA SITUAÇÃO.
MUITO MAIS TARDE, TEODORO VEM A ENCONTRAR-SE COM O IRMÃO DE MARGARIDA, NO RIO, TOMA CONHECIMENTO QUE O BEBE MORREU E QUE A JOVEM ERA “PROTEGIDA” DE UM SENHOR PORTUGUÊS.
EMBORA, FREQUENTANDO FRANCESAS E POLACAS PARA SEUS ALÍVIOS SEXUAIS, TEODORO ERA APAIXONADO POR ERCÍLIA, VIÚVA DE UM GRANDE AMIGO MÉDICO, FALECIDO AO CONTRAIR VARÍOLA, NO HOSPITAL EM QUE CUIDAVA DOS DOENTES.
CORRESPONDIDO, CASAM-SE E MORAM TRANQUILOS, NUMA CASA NAS LARANJEIRAS, BAIRRO DA CAPITAL. O CASAL VIVE ENTRE O RIO DE JANEIRO, A FAZENDA DE VASSOURAS E EM NITERÓI, NO ENGENHO DE AÇÚCAR PERTENCENTE AOS FAMILIARES DELA. A FELICIDADE DURA POUCO TEMPO, POIS, AO DAR A LUZ AO FILHO JOÃO TEODORO, A ESPOSA MORRE.
O JOVEM PAI NECESSITAVA CUIDAR SOZINHO DO FILHO. NO ENGENHO, MORAVAM FLORA E SEU MARIDO, PRIMOS QUE HAVIAM ABRIGADO ERCÍLIA, APÓS A MORTE DO MÉDICO. FLORA, CUJO MARIDO TINHA UMA DOENÇA INCURÁVEL, TAMBÉM, TORNA-SE VIÚVA.
EM 1889, NA CAPITAL, A AGITAÇÃO CONTRA O GOVERNO É CADA VEZ MAIOR. IGNORANDO O PERIGO POLÍTICO, OS MONARQUISTAS ORGANIZAM UMA CARÍSSIMA FESTA, NA ILHA FISCAL, COM O PRETEXTO DE HOMENAGEAR UM ALMIRANTE CHILENO, MAS TAMBÉM PARA MOSTRAR O PRESTÍGIO DA FAMÍLIA IMPERIAL. COM FARTURA DE QUITUTES E BEBIDAS E GRANDE BAILE, A ENORME E INÚTIL DESPESA CONTRIBUI PARA A REVOLTA DOS MILITARES E DEMAIS REPUBLICANOS. SOB O COMANDO DO MARECHAL DEODORO DA FONSECA, POUCOS DIAS DEPOIS, O EXÉRCITO DÁ UM GOLPE DE ESTADO, DEPONDO O IMPERADOR E PROCLAMANDO A REPÚBLICA.
INSTALANDO ORDEM NA ANARQUIA GENERALIZADA NA QUAL SE ENCONTRAVA O PAÍS, COM A ABOLIÇÃO, COM A REVOLTA DE PARTIDÁRIOS MONARQUISTAS E COM A NOVA SITUAÇÃO, A REPÚBLICA BRASILEIRA NASCE SOB A ÉGIDE DE DITADURA.
O MARECHAL DEODORO, ELEITO O PRIMEIRO PRESIDENTE PROVISÓRIO PELOS PARLAMENTARES, PROCLAMA A CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA.
ESTABELECE NORMAS MILITARES DE CONDUTA, DECLARA ESTADO DE SÍTIO, INICIA A CENSURA DE JORNAIS E FECHA O CONGRESSO, QUANDO ESTE LHE FAZ OPOSIÇÃO. A SITUAÇÃO ECONÔMICA DE SUA ADMINISTRAÇÃO É DESASTROSA E É OBRIGADA A FAZER ENORME DÍVIDA COM A INGLATERRA. AMEAÇADO PELA REVOLTA DA MARINHA, COM SEUS NAVIOS DE GUERRA PRONTOS A BOMBARDEAREM A CIDADE, O PRESIDENTE É OBRIGADO A RENUNCIAR, EM 1891. ASSUME O GOVERNO O VICE PRESIDENTE, MARECHAL FLORIANO PEIXOTO, QUE ENFRENTA VÁRIAS REVOLTAS PELO PAÍS E QUESTÕES TERRITORIAIS COM A ARGENTINA, NAS QUAIS OBTÉM SUCESSO. HOSTILIZADO PELA BURGUESIA CAFEEIRA E BANCÁRIA, PERSEGUE INIMIGOS E FORTALECE A CENSURA AOS JORNAIS, INCLUSIVE, DESTERRANDO JOSÉ DO PATROCÍNIO, SEU RIGOROSO OPONENTE, PARA A AMAZÔNIA.
MAS, FAZ UMA BOA ADMINISTRAÇÃO, ATÉ 1894, PONDO FIM AO GOVERNO PROVISÓRIO. PELO VOTO POPULAR, É ELEITO O PRIMEIRO PRESIDENTE CIVIL DO BRASIL, O ADVOGADO PAULISTA PRUDENTE DE MORAES, QUE FICA NO PODER DE 1894 A 1898.
O JOVEM TEODORO, CONTINUANDO NO JORNALISMO, ESCREVE ARTIGOS, INCLUSIVE SOBRE DIPLOMACIA.
SUA ENTREVISTA COM O BARÃO DO RIO BRANCO, NA QUESTÃO COM A ARGENTINA É MUITO ELOGIADA.
CONTUDO, PERCEBE A NECESSIDADE DE ENVOLVER-SE MAIS COM SEU PEQUENO FILHO JOÃO TEODORO E REORGANIZAR A VIDA. DEDICA-SE A FAMÍLIA E AOS NEGÓCIOS.
SEU PAI, UM SENHOR, AINDA, FORTE E ATIVO, PASSA A CORTEJAR FLORA, QUE EMBORA MUITO MAIS MOÇA, ACEITA SEU PEDIDO DE CASAMENTO.
A FAZENDA FICA AOS CUIDADOS DA FILHA, QUE CONTINUAVA A EXPLORAÇÃO DO AÇÚCAR E FLORA DEIXA SEU ENGENHO DE NITERÓI, QUE TINHA A MESMA FUNÇÃO DE PRODUZIR AÇÚCAR, GERENCIADO POR SEU FIEL CAPATAZ.
AMBOS VIAJAM PARA A EUROPA, AONDE FICAM VÁRIOS MESES. LÁ, O FAZENDEIRO É ACOMETIDO POR UM DERRAME E TAMBÉM VEM A FALECER.
TEODORO E FLORA MORAM JUNTOS NO ENGENHO.
ELES SEMPRE SE INTERESSARAM UM PELO OUTRO, TENDO, NO PASSADO UMA ESCUSA RELAÇÃO SEXUAL. PERCEBENDO O AMOR DELA POR SEU FILHO, APÓS O NECESSÁRIO PERÍODO DE LUTO, RESOLVEM SE CASAR.
E VIVEM FELIZES, APESAR DA INSÓLITA SITUAÇÃO:
COM ERCÍLIA AINDA VIVA, TEODORO TEM UMA ESCONDIDA RELAÇÃO SEXUAL, DE APENAS UMA NOITE, COM FLORA. AO FICAR VIÚVO, O PAI DE TEODORO CASA-SE COM FLORA, QUE PASSA A SER MADRASTA DE TEODORO.
VIÚVOS OS DOIS, TEODORO E FLORA SE UNEM PARA SEMPRE.

CONSIDERAÇÕES:
O LIVRO É BASTANTE INTERESSANTE PELA FORMA NARRATIVA AO ANALISAR A SITUAÇÃO SOCIAL DO PAÍS COM AS NOVAS REFORMAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS.
DESCREVE A VIDA ECONÔMICA DAS FAZENDAS, OS HÁBITOS QUOTIDIANOS, A RELAÇÃO DOS PATRÕES COM OS ESCRAVOS, A LICENCIOSIDADE SEXUAL COM AS ESCRAVAS, ALÉM DOS COSTUMES E A POLÍTICA DAS PEQUENAS CIDADES E DA CAPITAL, O RIO DE JANEIRO.
AS INFORMAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DO BRASIL SÃO MAIS IMPORTANTES QUE OS FICTÍCIOS ROMANCES. MAS, ESTES, DÃO UM INTERESSE À CONTINUIDADE DA LEITURA.
SEU AUTOR, O JORNALISTA J.
NATALE NETTO, TRABALHOU NA REDAÇÃO E CONSELHO DE REVISTAS E PUBLICOU, TAMBÉM, OS LIVROS:
A SAGA DO ÁLCOOL-2007; FLORIANO, O MARECHAL IMPLACÁVEL-2008; A NOITE DOS POETAS-2009 E O ENSAIO BOCAGE PARA BRASILEIROS- 2012.
SEUS LIVROS TIVERAM BOA ACEITAÇÃO DA CRÍTICA E ELE FOI AGRACIADO COM A MEDALHA ANCHIETA, OUTORGADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. É MEMBRO DO CENTRO DE ESTUDOS
BOCAGEANOS DE SETÚBAL, EM PORTUGAL.